Romeu Zema critica carro elétrico: No dia 19/10/2023 o governador de Minas Gerais, Romeu Zema, fez um discurso contrário aos carros elétricos na abertura da 9ª edição do Consórcio de Integração Sul e Sudeste (Cosud), realizado em São Paulo.
Se você não viu o vídeo polêmico que está circulando pela internet, aproveite e assista abaixo:
A fala do governador causou grande insatisfação nos entusiastas dos carros elétricos, de especialistas no ramo automotivo e até da mídia em geral.
Vale lembrar que Zema é bisneto do empresário italiano Domingos Zema, criador do Grupo Zema, composto por empresas que operam em cinco ramos: Varejo de Eletrodomésticos e Móveis, Distribuição de Combustível, Concessionárias de Veículos, Serviços Financeiros e Autopeças.
O discurso alarmante de que os carros elétricos trazem risco aos nossos empregos é completamente equivocado. Principalmente quando é acompanhado com a defesa de industrias de peças de motores a combustão e de escapamentos, conforme cita o governador.
De acordo com Zema o Brasil ficaria dependente da importação de baterias. Mas aí eu te pergunto: será que o Brasil não consegue produzir baterias? Será que não seria interessante essa troca de conhecimento e tecnologia na fabricação de baterias?
Vou citar como exemplo a chinesa Build Your Dreams, mas conhecida pela sigla BYD, que está deixando os fabricantes de carros nacionais de cabelo em pé!
De acordo com as informações obtidas em seu site, A BYD chegou ao Brasil em 2015, quando inaugurou sua primeira fábrica de montagem de ônibus 100% elétricos, em Campinas (SP).
Em 2017, abriu uma segunda fábrica, também em Campinas, para a produção de módulos fotovoltaicos.
Para abastecer a frota de ônibus elétricos, a empresa iniciou, em 2020, a operação de sua terceira fábrica no Brasil, no Polo Industrial de Manaus (PIM), dedicada à produção de baterias de fosfato de ferro-lítio (LiFePO4).
A empresa também é responsável por dois projetos de SkyRail (monotrilho) no país: em Salvador, com o VLT do Subúrbio, e na cidade de São Paulo, com a Linha 17 – Ouro. Além disso, a BYD comercializa no Brasil empilhadeiras, vans, caminhões, furgões e automóveis, todos totalmente elétricos e não poluentes.
Durante a pandemia da Covid-19, a empresa também passou a vender máscaras descartáveis no país. Em abril de 2021, a BYD Brasil passou a integrar o Pacto Global, iniciativa da Nações Unidas (ONU) para mobilizar a comunidade empresarial na adoção e promoção, em suas práticas de negócios, de Dez Princípios universalmente aceitos nas áreas de direitos humanos, trabalho, meio ambiente e combate à corrupção.
Em novembro de 2021, deu o primeiro passo para o início da comercialização dos automóveis de passeio no país, com a apresentação do modelo SUV Tan EV e a nomeação da EuroBike como a primeira concessionária de automóveis elétricos da marca no Brasil.
Em abril de 2022, a empresa lançou seu segundo automóvel elétrico no Brasil, o sedã premium Han EV, ícone da marca que representa verdadeira referência em luxo e conforto. Ainda em abril, a BYD Energy inaugurou novas instalações e uma completa linha de módulos fotovoltaicos no mercado brasileiro.
Em outubro de 2023 a empresa chinesa assumiu oficialmente o complexo industrial que pertenceu à Ford entre 2001 e 2021 em Camaçari (BA). A unidade fabril estava parada desde que a montadora norte-americana anunciou sua saída do Brasil. O investimento inicial é de R$ 3 bilhões. A estimativa é que 5 mil empregos sejam gerados no local.
Daí eu pergunto ao governador: quantos empregos foram gerados durante todos esses anos e quantos empregos ainda serão criados?
Vale lembrar que em maio de 2023 o governo de Minas Gerais lançou, na bolsa de Nova Iorque, a inciativa Vale do Lítio com o objetivo de desenvolver as cidades do Nordeste e Norte do estado com a produção do lítio, o que geraria mais empregos e renda para a população dos dois estados.
A região abrirá a maior reserva nacional de lítio, utilizado em diversas aplicações, sendo a mais comum a fabricação de bateria de longa duração instaladas nos veículos elétricos. Com isso o Brasil, inicialmente, passaria a exportar o Lítio para a produção das baterias de carro elétrico, mas nada impede que essa produção seja feita aqui no Brasil. Basta querer!
A fala do governador é totalmente contrária ao projeto do Vale do Lítio e também aos incentivos para despoluição, principalmente quando falamos das metas de redução de carbono.
Inclusive a ABVE, Associação Brasileira de Veículos Elétricos criticou as falas que, segundo a associação “trazem insegurança para empresas que já estão investindo em mobilidade elétrica no país”.
A ABVE classificou como decepcionante as declarações de Zema sobre a mobilidade elétrica ser uma “ameaça aos empregos” dos brasileiros, bem como o veto do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas a um trecho do novo projeto de lei que previa a isenção de IPVA para carros elétricos no estado.
De acordo com o presidente da ABVE, Ricardo Bastos: “Não faz sentido as autoridades dos principais Estados do país criarem insegurança a empresas que já se comprometeram a gerar empregos de qualidade e trazer inovação tecnológica à indústria brasileira”.
“Não nos parece sábio essas autoridades darem um sinal de desconfiança à tendência mais relevante do setor automotivo mundial, e esperamos que essas posições sejam reconsideradas”.
“A eletromobilidade é um ecossistema completo. Inclui não só automóveis, mas a nova cadeia produtiva de ônibus elétricos, a vibrante indústria de infraestrutura de recarga elétrica e um promissor setor de mineração” – acrescentou Ricardo Bastos.
Embora Zema se mostre preocupado com o aumento da frota de veículos elétricos, os números estão subindo exponencialmente. Dados da ABVE mostram que, no primeiro semestre de 2023, os emplacamentos de automóveis e comerciais leves eletrificados cresceram 58% na comparação com o mesmo intervalo do exercício passado.
Isso significa que o consumidor prefere o carro elétrico que é muito mais econômico do que o carro movido a etanol, como defendido pelo governador.
E essa economia não é só no combustível, mas também na manutenção já que o carro elétrico não precisa de itens como óleo, filtros entre outros itens presentes nos carros movidos com motor a combustão. Além disso, alguns estados estão concedendo descontos ou isenção no IPVA para incentivar o uso de veículo elétrico que não polui!
A importação de baterias para os carros elétricos pode diminuir substancialmente nos próximos anos, com a instalação da Bravo Motor Company em Minas Gerais. A empresa vai construir um complexo industrial em Nova Lima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, para fabricar baterias, sistemas de armazenamento de energia e veículos elétricos para mobilidade pública, como ônibus, táxis e vans.
Inicialmente, o investimento seria de R$ 25 bilhões em dez anos. Entretanto, o CEO da companhia já afirmou que esse montante deverá ser alcançado em cerca de sete anos.
O governador defende a utilização de carros movido a etanol que poluem tanto quanto os carros que usam gasolina. A única vantagem é que a plantação de cana de açúcar ajuda a fazer uma compensação do dióxido de carbono jogado no ar.
Além disso, o custo para rodar com etanol é muito maior do que o custo para rodar com eletricidade e isso o governador não fala né?
O Brasil está participando de uma pesquisa do uso do etanol para geração de hidrogênio para alimentar o motor elétrico dos carros. Com essa tecnologia, os escapamentos, tão defendidos pelo governador, soltariam apenas água, algo que não ocorre com os carros atuais movidos a etanol.
De acordo com o site Auto Esporte "Um estudo realizado na Universidade de São Paulo (USP) quer mostrar como o etanol pode viabilizar a produção de hidrogênio renovável com importantes vantagens tanto para o meio ambiente quanto para o bolso".
Os automóveis talvez possam, um dia rodar, com hidrogênio produzido a partir de cana-de-açúcar. Tudo depende, porém, de tornar mais eficiente a reação química que extrai do etanol o gás hidrogênio, normalmente fabricado a partir de gás natural.
A ideia da pesquisa é abastecer o tanque do carro com etanol que, em seguida, será transformado em hidrogênio que gerará energia para mover o veículo.
Como se vê, trata-se de um retrocesso pensar como o governador Romeu Zema, pois a tecnologia dos carros elétricos está aí e o consumidor já optou por esse tipo de tecnologia. Pena que o custo para a aquisição de um carro elétrico ainda é muito alto.
A geração de empregos virá com o tempo, uma vez que grandes marcas como BYD e GWM estão vindo para o Brasil.
Acredito que o governador deveria se preocupar em criar ambiente propício para a instalação dessas fábricas em Minas Gerais e não alarmar a população criando medo por conta de eventual desemprego.
Fontes:
Site da União Nacional de Bioenergia (UDOP). "Entenda de vez como funciona a conversão de etanol em hidrogênio, revolução nos carros elétricos". Publicado 24/03/2021 por Rogério Mian. Disponível em:
Site Auto Esporte. "Etanol vira fonte para produção de hidrogênio mais ecológico e barato". Publicado em 19/04/2023 por Vitor Matsubara. Disponível em:
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